segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Coletivo Onírico no Grito Rock!

Dia 03/04 o Coletivo Onírico apresenta o espetáculo "Catação de História e Contação de Lixo" em parceria com o Coletivo Piracema, da cidade de Piracicaba. A apresentação faz parte do Grito Gurizada e será as 15hr na Praça Principal da cidade. Nos vemos lá! :)

 




Onírica Imersão



Entre os dias 11, 12, 13 e 14 de janeiro de 2013 estive com o Coletivo Onírico num trabalho de reclusão artística, ou ao menos, esperávamos que assim fosse. Fico pensando no significado da palavra ‘imersão’ e o quanto estamos predispostos a mergulhar no significado que ela nos pede, ou até mesmo que nos obriga a descobrir. A proposta era de se realizar um trabalho em reclusão, ou seja, nos isolarmos do mundo cotidiano e focar o pensamento, as palavras, os rascunhos para um determinado fim (ou começo), que é a criação de um novo espetáculo.

Falar dessa atividade de imersão é falar de como fui convidado a participar do Coletivo Onírico e também de re-ver minha posição aqui. Inicialmente fui convidado para ser o diretor de ‘um novo trabalho’, no momento do primeiro papo em grupo percebo a necessidade de um dramaturgo também, além de um desejo por outro ator, papel este que sempre resisti a aceitar. Assim, desde meados de abril de 2011, com alguns percalços, pausas obrigatórias e afastamento de pessoas, chegamos a um denominador comum, de que o processo coletivo apenas se justifica como coletivo quando compartilhado entre todos os membros, nesse sentido, apenas na vivência desses dias numa belíssima chácara no interior do interior de Sumaré-SP, debaixo de muito frio, chuva e nenhum sinal de celular e tampouco TV, funda/mentalizamos a estrutura que teimaremos a seguir.
 
 

Entre muitas falas, falácias, gritos, momentos de insatisfação, passagens, maçãs, vassouras, bastões, catação de diversos adjetivos, belas improvisações, ideias absurdas, filmes, textos, o Lôro (papagaio), o Pretinho e o Amarelo (cachorros da chácara) e 2 jabutis lésbicas, surgiram audaciosos projetos, que gostava de chamar como Geografias, que seriam estruturas monológicas onde cada um dos atores exploraria o universo de personagens que andaram criando/fruindo das improvisações, muitas delas provenientes da experiência com a Intervenção Urbana e uma observação da estrutura de Cidade, aliado à ideia de não fugir de um possível universo onírico, recheado de inspiração pelas histórias de contos de fadas e um pensamento muito forte desse Coletivo com o sistema de sustentabilidade que se vê/vive[?] na cidade. Todo esse percurso, não só de nossa imersão, formou uma enorme teia, que neste momento não me aventurarei a aprofundar, pois os diários dos atores ainda contam com segredos dos quais não podem, ou não devem ser revelados, afinal, nosso bebê ainda está em gestação (literalmente!) e muito dessa intensão+intenção ainda permanece em desenvolvimento. É desejo meu que, num futuro bem próximo, organizemos um caderno/livro de ensaios com a experiência criativa deste trabalho.
 

 


 
 
 
 
Por fim, falando um pouco mais sobre nosso processo de imersão aprendemos que a ação deve ser natural, seja no movimento belo que realizamos de não falar e cuidar de nosso jantar e ao mesmo tempo produzir cenas, pensar delicadamente e se concentrar em suas Geografias, seus personagens e suas energias de amor/violência/segredo, até a hora de ser generoso com as estrelas, com o lugar que nos acolheu. Talvez nosso grande aprendizado tenha sido de fato este, a acolhida, que se fez/faz entre nós e nossa possível ‘Cidade do Entre’.

Rafael Carvalho