terça-feira, 17 de abril de 2012

Intervenção Urbana



E quase tudo começou
com assim:
O Coletivo Onírico
lhes convida a participar de uma Intervenção Urbana* que sairá
pelas ruas expurgando seus anseios, desejos, questões, inquietações,
revoltas , vergonhas...
Teremos como mote:
O SONHO...
O
EXCESSO!
O
RISCO!..
Ou começou bem antes, com a participação de Lis na oficina de Nina Caetano. Ou antes ainda, com o desejo de tomar as ruas, provocar o sonho acordado, e com a vontade de chaqualhar os corpos viciados no previsível e morno dia a dia. Para, além de destrinchar os temas que permeiam nossa próxima montagem e também para trillhar o caminho para nossa identidade
enquanto grupo, motivos não faltavam para justificar essa vivência.

Sobre Sonho Risco e Excessos.
Elaboramos então uma oficina / vivencia que tratasse desses temas. E depois de muitas reuniões para elaboração da mesma, muitas datas adiadas, convite feitos e a anciedade, e como diz Henrique: "Penso que o coletivo faz tudo ao mesmo tempo: atua e produz, canta e confecciona, mora-ensaia-trabalha, pinta o cenário e controla as finanças."
E por que não uma oficina de intervenção urbana?
Acreditamos que informação e formação compartilhada é multiplicada e aperfeiçoada por todos que dela se apropriam. Com essa oficina / vivência, não queriamos passar informações , definir ou ensinar o que vem a ser uma “intercenção urbana”, conceito que a cada dia toma uma amplitude significativa. A idéia era explorar ao maximo esse tres temas e sobre eles criar imagens , figuras , situações.
Encerrariamos com a exposição em praça pública . Também queriamos coletar materiais e experiência pra nossa próxima criação o Ketelyn, aí nada melhor que compartilhar nossos anseios
e visoes desses temas com outros artistas e amigos.
E Finalmente chegam os inscritos e as atividades. Para adentrar aos
temas passamos por Exercicíos de relaxamento conduzido, ciranda, cantoria e exercicios de espacialidade. Tambem exibimos trechos de filmes como Coraline de Tim Burton, Waking Life
de Richard Linklater, História das Coisas de Annie Leonard, material que vém nos acompanhando nos processos de criação do Ketilyn.
A partir daí duvidas e ideias compartilhadas estouram como pipocas.
Qual é meu sonho?
O que é sonho? Eu me arrisco pelo meu sonho? A busca incessante pelo
meu sonho gera hábitos excessivos? Pelo que eu me arrisco?

“ADeriva”
Com todas a ideias na cabeça saimos então as ruas e, agora, não se utilizando dela como um simples lugar de passagem, e sim deixando que ela e seus elementos nos conduzam as ações.
“Sairdo estado mental, partir para o corpo, formular todo esse
entendimento e devolve-lo como discurso artistico. Comunicar-se pela
imagem, pelos gestos, pelas subjetividades. Durante o exercicio de
pré-deriva, várias coisas interessantes surgiram: trabalhar no
plano médio, deslocar-me fora do eixo, descobrir arquetipos e
lugares interessantes.”
“Talvez o risco ainda seja o que mais mexeu comigo.
E me fez pensar em toda azona de conforto que eu (nós)
me (nós) encontro (encontramos). Não digo somente no
privilégio de termos uma casa, um carro, um emprego...
isso é saudável e, para muitos, exemplos e situações
necessários. Mas dentro disso o risco talvez faça com
que vivamos mais intensamente e isso pra mim é o que
mais ficou e que penso em investir. Risco de ousadia,
de mudança (seja grande ou pequena), do diferente,
do novo, do “sempre prazer”...”

Comer grama, engatinhar na rua, se esconder em um arbustro, esperar o onibus em cima do ponto, conversar com os moradores, usar o poste como o mastro de um naviu, rolar enrolada num grande plástico e se quedar como um corpo morto. Tudo pode até que se diga o contrário ou mesmo se disserem , pra nós, ainda pode. Percebemos também o grande deserto que é a rua em um fim de semana. As pessoas evitam o risco preservando-se em seu lugar de conforto. Andando pelas calçadas ouvimos o mesmo som vindo de dentro das casas: Luciano Huck, Locução de futebol e similares, misturados ás xicaras postas nas mesas do café da tarde. Os moradores, em suas casas, preservam as grande praças sem ninguém.
E assim provocamos o ambiente urbano e publico e por eles fomos provocados.

As criações em Praça Pública.
No fim de semana seguinte seria mais, seria a praça em pleno Sábado, seria sabe-se lá o que, apesar do prévio combinado “circo ou feira dos horrores”.
E para isso criamos nossos motes e nossa vestimentas: Henrique Dutra (Super Huper), Lis Nasser (Mulé), Maria Clara (Mulher leiteira), Dinho (Urso Mágico) Ana Paula Piunti (Sereia do Agreste), Lia Nasser (Mulher Antenada); assim batizados por Lis. Também contamos com a
participação de Gustavo Schiezaro nas fotografias e Mariana
Schiezaro na defeza e proteção para caso ouvesse necessidade.
Na praça também havia uma roda de capoeira e umas barraquinhas de cacarecos, o que caracterizava aquele ambiente como um espaço de convivência e não apenas de passagem.
E assim começamos, com todas as caraminholas na cabeça
e as borboletas no estomago, a procurar, à provocar e ser provocado,a ocupar e compartilhar
 nossos sonhos. Eis algumas auto-descrições:

Eu estava, como a maioria dos performes, vestida com um
figurino feito de lixo, que compunha uma mulé, meio chechelenta, meio sensual, meio cômica.
Tinha uma placa bem grande com a pergunta
O QUE É A MULHER?
Tinha também uma caixa preta com os dizeres:
O QUE É QUE TEM NA CAIXA PRETA? 
O MISTÉRIO DA ALMA FEMININA.
Na caixa tinha uma espécie de monóculo
 pelo qual se via o reflexo do seu próprio olhar.
(lis)







É preciso criar um
estado para ir para a rua.
Eu me sentindo pouco a vontade, talvez
indisposto corporalmente.
A roupa também não ajuda muita, ela é
bonita, mas é desconfortavel, tenho medo
que ela caia ou rasgue. Estar disposto,
arriscar, estar mais seguro, preparar-se, PRÉ -
PARAR - SER = para ser, pensar antes, melhor.
(Henrique)

E assim dominando o espaço,
houveram as mais diverss reações , muitas duvidas espressadas pelo público:

Eu, adornada de tetas feitas com garrafas
pet, oferecia o “leite que só a mulher dá” com uma lata na mão.
E recebia algumas respostas como: Voces são de alguma faculdade? É
pra arrecadar dinheiro , é por causa doa dia da mulher? Senti um
certo medo das pessoas em se aproximar muito. (Maria)

“O objetivo era bem egoísta, queríamos
sentir a rua de uma forma não cotidiana e pessoal” (Henrique)

Um homem se sentindo provocado pela figura da Ana, a nossa Sereia na piscina de lixo, se sentiu a vontade para falar de seu amor.
“...tomado por todas aquelas manifestações e imagens, contou sua estória e me faz acreditar que por conta desse desabafo conseguimos modificar um olhar, neste caso,como uma reflexão que poderia estar a muito tempo em seus pensamentos como um grito...
aquele ambiente estava tão insano, de repente
aquela praça trouxe um conforto que o álcool trás à ele... E assim de tão confortante abriu seu coração e desabafou para mim.
Não tenho a certeza com relação ao olhar dele, mas o meucom certeza modificou! (Mariana)

Hove quem falou de seus sonhos, houve quem passou , quem escreveu quem desdenhou, hove de tudo naquele dia. Super homens , super mulheres , bagunçaram o olhar de um sábada de manha na cidade de Valinhos. O coletivo Onirico agradece a todos os participantes dessa vivencia que muito nos ajudou e somou na nossa história. E um agradecimento de Lis:
Gostaria de terminar esse relato, agradecendo a Nina
Caetano com quem fiz a Oficina: Como se Fabrica uma Mulher? Que além
de despertar e dilatar em mim esses questionamentos sobre o feminino
foi quem me propiciou uma primeira experiência com o Corpo
Instalação e a Intervenção Urbana. Quem quiser conhecer mais o
trabalho dela acesse o blog dela http://www.desautoria.blogspot.com/
ou do grupo de pesquisa do qual participa http://www.obcenica.blogspot.com/
também uma influência para o Coletivo Onírico.


quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sobre o Bosque, o Coletivo e outras coisas mais.



O Bosque dos Jequitibas tem cheiro de infância. Cheiro de marmita que meu pai fazia, do sorvete com a irmã no dia de receber cachê e pancaque da payot, que naquela época eu nem sabia que era tão caro. Enquanto conto/canto a história do capoeirista brasileiro ou da menina russa, conto também um pouco da minha história, escondida nas frestas do piso de madeira, nas cortinas rotas e na pintura gasta com a ação do tempo. A primeira vez que me apresentei no Carlito Maia eu tinha 10 anos.
Março de 2012, o Coletivo Onírico realiza sua primeira temporada, meio no susto, após inúmeros emails tentando contatar o poder público para conseguir pauta. Trocaram o prefeito, trocaram o secretário, só não trocaram o teto do pequeno teatrinho (é o mesmo de quando eu tinha 10 anos). A cidade de Campinas vive um momento crítico, todos os teatros estão fechados.
O Coletivo Onírico ocupa o único teatro público em atividade. Estar ali é resistir contra a ação do mundo contemporaneo em que vivemos, onde capitalizados e engendrados num ciclo vicioso de produção e consumo, as ações artisticas não encontram espaços e públicos para acontecerem.
O Cine Windsor que ficava no centro, na General Osório (antes do advento cinemanoshoppingestacionamnetoepipoca) virou cinema pornô (!!!) até que um dia fechou. O Centro Cultural Evolução (berço de tantos
artistas campineiros) também encerrou suas atividades. O Levante Cultura (movimento apartidário pela transformação da política pública cultural de Campinas) protestando contra os roubos efetuados pelo poder público, fez uma grande ação na Praça Correia Lemos, onde deveria estar o Teatro Castro Mendes. Mas, tristemente, a maioria dos que estavam presentes eram artistas e reporteres.
E a população? Bom, o parque da cidade vizinha, onde a garota morreu, reabriu 15 dias depois com uma fila imensa de pessoas enlouquecidas para novas e emocionantes aventuras no país mais divertido do mundo (pelo menos é o que o marketing do parque diz). A garota estuprada ao vivo, em canal aberto no programa de TV, foi assistida por milhões de pessoas, que só se manifestaram na hora de escolher seu mais novo herói milionario, colaborando para que no ano que vem, seja realizado outra edição do reality show mais popular da TV brasileira.
A população não fez nada quando fecharam os teatro e cinemas. Mas fico pensando o que teriam
feito se fechassem os shopings ou os estádios de futebol da cidade. E cada vez mais tenho a impresão que os valores estão distorcidos, e que o rito, o teatro, a arte do encontro que desde os tempos primitivos nortearam o movimento do homem interpretando e entendendo o mundo estão ficando a margem. Na grande sociedade do espetáculo (como bem definiu Debord), o espaço não é publico, é privado, é fabricado, facebookado, holiwodizado, alienado e ado a-ado cada um no seu quadrado.
(Henrique D.)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Coletivo na TV

O quadro "Em Cena" da EPTV (Globo - Campinas) entrevistou o Coletivo Onírico na ultima semana de sua temporada no Teatro do Bosque. Para ver a matéria, acesse o link do G1 noticias:


http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/jornal-da-eptv/videos/t/edicoes/v/em-cena-traz-dicas-para-o-final-de-semana-na-regiao-de-campinas/1872180/

Teaser do Espetáculo

Jornal de Valinhos 31 de março


Na segunda feira, para finalizar o maravilhoso mês de março e também gravar nosso espetáculo na rua, nós do Coletivo Onírico, apresentamos o Catação de Historias na praça da Matriz de Valinhos. Fomos recepcionados por um público maravilhoso e ainda ganhamos uma publicação no Jornal da cidade!